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As chaves

Quando interagimos com um grafite, por se fazer sobre um suporte urbano e repleto de signos da comunicação de massa, é possível perceber o constante diálogo que ele estabelece com todos outros signos e o espaço em que se encontra. Essa diversidade de signos transborda polifonia.

 

As multiplicidades de outras vozes soam individualmente e ao mesmo tempo completando uma à outra, contagiando aqueles que lhes dedicam olhares. Em uma galeria de arte, o grafite é ceifado em seu potencial de comunicação e limita-se a uma singularidade significativa em si mesmo. Quando livre, na rua, esse deslocamento é inimaginável, pois o espaço cede espaço e ele ganha o poder de releitura, reinterpretação.

 

Porém, não estamos sós quando nos permitimos a um grafite, a linguagem com que nós interagimos lança diversas pistas sobre seu criador e suas intenções. Esse autor, que se lança e cria, tira do bolso um molho de chaves nos permitindo escolher por meio de quais teremos acesso ao universo.

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